sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

If I had my life to live over

Dentro do contexto deixo aqui um poema que adoro, pego nele de vez em quando porque dá imensa energia :) foi escrito por uma Sra chamada Nadine Stair aos 85 anos, nao sei muito mais sobre ela mas adoro a filosofia de vida.

"If I had my life to live over, I'd dare to make more mistakes next time. I'd relax. I would limber up. I would be sillier than I have been this trip. I would take fewer things seriously. I would take more chances. I would take more trips. I would climb more mountains and swim more rivers. I would eat more ice cream and less beans. I would perhaps have more actual troubles, but I'd have fewer imaginary ones.

You see, I'm one of those people who live sensibly and sanely hour after hour, day after day. Oh, I've had my moments and if I had it to do over again, I'd have more of them. In fact, I'd try to have nothing else. Just moments, one after another, instead of living so many years ahead of each day. I've been one of those persons who never goes anywhere without a thermometer, a hot water bottle, a raincoat, and a parachute. If I had to do it again, I would travel lighter than I have.

If I had my life to live over, I would start barefoot earlier in the spring and stay that way later in the fall. I would go to more dances. I would ride more merry-go-rounds. I would pick more daisies."
By Nadine Stair at 85 years of age.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

How about our own stories?

Eu adoro histórias. Adoro ouvir e adoro contar. Gosto de contar sobretudo aquelas que o senhor Ken Robinson (Senhor com maiúscula!) designa por "histórias epifânicas". Não são bem histórias com finais felizes mas... mais ou menos isso. E todos temos alguma guardada, seja nossa, seja de algum parente ou conhecido. Acredito que, se olharmos bem para as voltas que a vida de cada um de nós já deu, vamos acabar por descobrir muitos episódios que constituiriam contos bem motivadores, ou pelo menos reconfortantes, para outros. Sim, acho que a designação "histórias epifânicas" talvez se possa traduzir por histórias de algum modo inspiradoras, reconfortantes ou motivadoras.

Durante os últimos quatro anos trabalhei como guia turistica. Ou, para ser mais precisa, como "animadora turistica". Porque tendo em conta que nunca estudei Turismo ou nada relacionado com história de Portugal era uma espécie de guia ilegal. E o nome que se dá a isso é o de "animadora turistica".
Como todos os dias guiava um grupo de 4 a 8 pessoas, acabei por conhecer muitas pessoas durante esses quatro anos. E se houve dias em que já não podia ver ninguém à frente, porque estava farta de estar disponivel para`interagir com turistas entusiastas, houve outros dias em que me senti mesmo grata por ter tido o privilégio de conhecer certas pessoas.

Lembro-me que logo no inicio conheci um casal cuja história me deixou maravilhada com as voltas que a vida por vezes é capaz de dar. Eles deveriam ter os seus setenta e muitos anos. Entraram na carinha com o seu ar bem disposto e cheio de vida, e eu fiz-lhes a pergunta da "praxe": "Where are you from?". Esta foi a primeira resposta surpreendente que eu obtive porque, a patir daí, eles começaram automaticamente a contar-me a sua história, sem eu ter que perguntar fosse o que fosse. Há pessoas cujas histórias se tornam aborrecidas, cansativas mesmo. Não foi minimamente o caso, eu escutava-os maravilhada.

A história foi a seguinte. Ele nasceu na Suiça e ela nasceu na República Checa. Conheceram-se os dois na República Checa, tinha ele os seus vinte e um anos. Ela tinha dezoito. Isto foi após a Segunda Guerra Mundial, ele foi enviado com o exército suíço para fazer algum tipo de reconhecimento numa aldeia na República Checa. Onde ela vivia. Segundo ele, assim que a viu ficou completamente perdido. In love. Mas... Ele era casado na Suiça e tinha um filho bébé. Ou seja, teve que a deixar, regressou para a Suiça e... nunca mais soube nada dela.
Passados muitos e muitos anos (mais concretamente, três anos antes deles virem a Portugal juntos. Ou seja, passados uns bons quarenta e muitos anos) ele ficou viúvo e decide tentar encontrá-la. Consegue descobrir a irmã dela, que ainda vivia na aldeia, e através da irmã consegue descobrir o paradeiro dela. Entretanto, ela estava divorciada. A faísca entre eles deve ter voltado porque, embora ela ainda vivesse na Republica Checa e ele na Suíça, decidiram começar um namoro à distância - segundo ela, com muitas horas do dia passadas no skype a falar com ele. E desde que se reencontraram, já tinham viajado muito por todo o mundo.
A história assim contada parece bonita mas toda ela foi mais poderosa porque eu tive a oportunidade de ver a ligação que existia entre ambos.

Eu confesso que guardei na minha mente mais memórias de histórias românticas do que sobre qualquer outro tema. Mas o que me ficou como mais incrivel não é um relato sobre o encontrar o "principe-encantado" ou o "trabalho de sonho". O que me deixa maravilhada em certas histórias é o facto de nunca sabermos o que pode vir a seguir, o curso da história dá uma voltas tão inesperadas como surreais e, no final, descobre-se que nada era o que parecia a certo ponto. Isto a mim parece-me mágico porque a tendência, na sociedade obcecada com a organização e o controlo em que vivemos, é agirmos e sentirmos o mundo como se ele fosse linear. Como se a vida pudesse ser uma sequência quadrada de acção-reacção. Como se pudéssemos de facto "construir" uma vida, passo a passo. Nós e as nossas acções, cujos resultados já prevemos. O irónico é que esta forma de ver a vida e o mundo que nos rodeia acaba por nos controlar a nós. Ficamos presos nesta obcessão pelo controlo. Quando o que mais ansiamos (e também o que mais tememos) é que algo de novo surja e nos mostre que estamos vivos, que há em vida em nós e à nossa volta. E que essa vida é tão maior que as nossas pequenas necessidades, medos e obcessões.

Há histórias que vale a pena escutar porque me fazem sentir que a vida é muito maior, muito mais vasta, do que o pequeno mundo de repetitivas rotinas diárias no qual por vezes me sinto apertada, com pouco espaço para respirar.